Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

sábado, fevereiro 23, 2013

DÉSIR




















Estar...
Uma imperceptível corda
alçada sobre nonada,
de que se evola um tênue arpejo,
indefinível coma,
em que antevejo
(isso que assoma)
o imponderável drama,
entre o instante e o ensejo
:
Estou esse desejo...




Fonte da imagem:
FORA DE MIM


Curtindo Time - Pink Floid



terça-feira, fevereiro 05, 2013

LA URSA (notas para uma analítica da folia 6)

URSO BRANCO
E. B. Brito

Às vezes surpreende-me essa memória sensível,
Quase palpável, das coisas
:
Eu menino, olhos arregalados,
Medo, quase pavor,
E aquele bicho dançando,
no portão da velha casa.
Um ritmado zabumba
um fole de 8 baixos,
e as síncopes de um triângulo.
Sua voz roufenha cantava
:
"A La Ursa quer dinheiro
se num der é pirangueiro."

Anos depois, 
(quase palpo com as retinas)
Os retalhos multicores, 
nas mãos da minha avózinha,
mil retalhos costurados,
num macacão de sisal.

E outra vez um zabumba
um fole de 8 baixos,
e as síncopes de um triângulo,
um acutíssimo triângulo.

A molecada no grito,
(e eu, já crescido, no meio)
:
"A La Ursa quer dinheiro
E se num der, é pirangueiro,
É pirangueiro"...


La Ursa

Fonte da imagem:
http://dancasdobrasil.blogspot.com.br/2010/05/la-ursa.html


Nota do blogueiro:
As origens de um folião rsrsrs

domingo, fevereiro 03, 2013

DOS BLOCOS LÍRICOS (notas para uma analítica da folia 5)

FLABELOS
E. B. Brito


























"Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomei tristeza. Hoje tomo alegria!"
......................................Manuel Bandeira


Nada mais lisérgico do que o lirismo.                                           
O lirismo é visceral.
É compulsão.
Se assim não fora, não haveria a embriaguez
desses alegres bandos,
que resistem,
com seu cantar de serestas,
nostálgicos, em plena festa,
contendo o frevo, ao bordão...

Muitos aludem às delicadas evoluções
E aos singelos volteios, em marcha lenta,
do  leque das flabelistas,
bem à frente,
bem à vista
de todos;
Eles se iludem
com essa suavidade,
que esconde um atavismo:

O quanto há de ancestral nesse lirismo.

Eles não sabem que o lirismo é intenso, rizoma
de pulsões, disso que assoma,
quando nos invade a alma
o trautear dum flautim
o dedilhar das manolas,
banjos, violões, bandolins.

(Eu mesmo, esqueço de mim.)

Soou o apito! 
Segue-se um acorde em uníssono!
Cantarolam, as pastorinhas!

(Já não estou eu, estou todos,
delírico frenesi.)

Não há nada mais lisérgico do que o lirismo.    
  


Fonte do desenho acima :



Cantem, pastorinhas!
Bloco lírico Flores do Capibaribe 2013
Poema dedicado às Flores do Capibaribe!
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