Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

quarta-feira, abril 25, 2012

HERESIAS Nº 2




Avia-te, ó Bardo!

Estás na humilde trípode
e em ti se evocam as vozes femininas
dos arcanos celestes.

Não és mais teu.
E os orbitais
das cousas indizíveis
invadem-te as sinapses.


Avia-te!
E retoma o Caminho.






Fonte da imagem:

segunda-feira, abril 23, 2012

HERESIAS Nº 1



Uma infinidade de justapostas (in)certezas
formam em minhalma um instável mosaico.

Mil ritos sufocam-me
e a profusão de verdades litúrgicas engessa-me a emoção.

...Sonho a liberdade de uma Samaria proscrita...


Já não temos poços, nem cântaros;

A brisa sopra onde quer.
Beberei das nuvens que escorrem
das Tuas Mãos em concha.
Retomo as minhas pegadas nesse oculto Caminho do Interior.





Imagem recolhida do Google.

quarta-feira, abril 18, 2012

É PRECISO AMAR...

Intensidades e perplexidades.
Quem vai querer mudar o que deve ser mudado?



Quem quer mudar a si mesmo?

terça-feira, abril 17, 2012

OFICINA






















Assim, o artífice anima ao ourives,
e o que alisa com o martelo,
ao que bate na bigorna,
dizendo da soldadura: Está bem feita.
Então, com pregos fixa o ídolo para que não oscile.
Is. 41:7




O pequenino
o pequenino gesto
O pequenino gesto repetido
o pequenino e mesmo gesto repetido
e repetindo-se
move o anelo
no mesmo elo
elo por elo
move o martelo
faz do martelo flor desse gesto
fruto da gesta
abstraído de uma floresta,
flor desses gestos, abstraídos,
da martelagem
no peso o apenso
penso e pondero
pênsil pingente
pondero e penso
a peça rara
du’a ourivesaria
sob incensos

nas muitas dobras
e mais redobras
e mil batidas como em aldabras
tão repetidas essas palavras
pedras em salvas
ouro das lavras
de um tempo intenso
de tempo imenso
de um temp(l)o antigo
um santuário para o Infinito.

ouvir seus g/ritos
distinguir ritos,
haurir seus gritos
um ourives aos gritos,
hiero-gritos:

- Datemi un martello!
- Che cosa ne vuoi fare?

- Moldar os mitos.

Com hieroglifos
florões e grifos
oraiseescritos
roots e ritos
:
Assim, dá alento
ao lento
ourives,
e ao que modela os elos
os velos de oiro
sob o martelo
cravando os pontos
de filigranas
soldas precisas
e derretidas
sob as batidas
leves batidas
de modelagem numa bigorna...
(wayüHazzëq Häräš ´et-cörëp maHálîq Pa††îš ´et-hôlem Pä`am).

E o que modela com o martelete,
forja a cutelos, cravo e cut-up
“batte le métal en plaques”
fold-in, em dobraduras da joiaria,
pinos e pinças,
brincos e broches
“breitgehämmerte Bleche”
molde e persona,
mote e martelo,
elo por elo ,
dobra-se a alma
na oficina
bate um martelo
bate o martelo
bate martelo...

...e um temp(l)o oscila.


Eurico,
em dobraduras experimentais...rs
Meu Deus! Oscilo?


Fontes dos cut-up e fold-in:

http://www.ouviroevento.pro.br/publicados/Firmamentum.pdf

http://ourivesariahavila.blogspot.com/2007/10/histria-da-ourivesaria.html
http://letras.terra.com.br/rita-pavone/64293/traducao.html
Imagem:

domingo, abril 15, 2012

ARQUITETURA VOLÁTIL




























Gn. 28:12,13



Essas paredes ascendem
por verticais monolíticas;
Saem do chão abruptas
Fundadas na pedra bruta.
Sete carreiras, na rocha
Lapidada em cantaria.

Erguer degraus é poesia?

Alvenaria abstrata,
Frases de argamassa e cal.
Essa peleja não é vã:
Tirar arestas à pedra;
Erigir versos de arrimo
E por a prumo as vertentes
Du'a volátil escadaria.



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Fonte da imagem:

O Sonho de Jacob

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P. S.:
Retomando uma parceria antiga, com o Carlinhos do Amparo, desde os tempos do Eu-lírico impresso, em que ele fazia um breve comentário aos meus poemas , a partir deste Arquitetura Volátil, o leitor poderá, se quiser, clicar em Resenha Poética, para ir ao blogue Sítio d'Olinda. Lá estarão as inusitadas "explicações poéticas" do meu compadre Carlos Pequeno do Espírito Santo, filodóxo e hermenauta das Olindas. Divirtam-se!




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