Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

CARNAVÁLIA (excerto em Manuel Bandeira)


(...) Era terça-feira gorda. A multidão inumerável
Burburinhava. Entre clangores de fanfarra
Passavam préstitos apoteóticos.
Eram alegorias ingênuas, ao gosto popular, em cores cruas.
Iam em cima, empoleiradas, mulheres de má vida,
De peitos enormes - Vênus para caixeiros.
Figuravam deusas - deusa disto, deusa daquilo, já tontas e
[seminuas.
A turba ávida de promiscuidade,
Acotovelava-se com algazarra,
Aclamava-as com alarido.
E, aqui e ali, virgens atiravam-lhe flores. (...)





SONHO DE UMA TERÇA-FEIRA GORDA (fragmento)


Nota do blogueiro:
Estamos acampados no Sítio (intra-histórico) d'Olinda.


5 comentários:

Dauri Batisti disse...

O carnaval motivando-nos em suavidade, belezas e alegrias. Vamos lá, vamos no AQui, ao acampamento.

Anônimo disse...

da tristeza não se foge
da tristeza não se esconde
da tristeza não se apaga
mas no carnaval se sacode!

Beijo

Unknown disse...

a evocação de Bandeira que corria seus olhos pelos passantes delgados em suntuosa folia,


abraço

Tania regina Contreiras disse...

Eu ando ligada aqui. Curiosa e aprendiz! rs

Beijos,

Rejane Martins disse...

Quase todas as imagens povoadas de afeto ao redor da sombrinha sapo - tão essência tudo que já é, tudo que pode ser, em vida que pulsa por bandeira e gesto.
um abraço, Eurico.