Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

domingo, agosto 07, 2011

CRISTALINOS (poemeto-escorço)

Imagem daqui

"A poesia: tão bom que me grudasse na córnea pra sempre."
                                  Tania Regina Contreiras



Alçar voo, com asas de ver:
Flamboyants, guris, abelhas...
(Sei que é parco o pão na mesa)
Mas se há crianças: beleza.

Ruflar pálpebras, ao sol:
(Ontem foi um dia duro.
Mas, foi ontem. Já passou.)
E essa brisa ajuda os olhos,
Revoando... são crianças.

Roçar nuvens com as pupilas,
Esses olhos, essas asas...
(Nada como estar em casa,
Onde há leveza... e crianças)

Não consigo perder a esperança.



Debussy - Children's Corner - Jimbo's Lullaby:


Mais sobre poema-escorço, aqui

12 comentários:

Dauri Batisti disse...

crianças, quer o que mais? nenhuma explicação será necessária depois dessa: crianças. Crianças devolvem esperanças.

Tania regina Contreiras disse...

Olhos de estreia sempre, poeta, todo hora é um mundo começando!
Beijos!

Rejane Martins disse...

Vir aqui é assim: ergue-se uma forma de andar!
um abraço, Eurico.

lula eurico disse...

Dauri, amigo,
sempre bom quando vc aparece.
E o projeto?
Estou às ordens.

Abç fraterno.

lula eurico disse...

Tania,
eu te agradeço pela frase que me trouxe a idéia deste poema. Essa que serve de epígrafe.
Muito bonita, muito densa, muita poesia em frase tão curta.

Grato.

lula eurico disse...

Rejane, minha amiga-escrita,
os muitos sentidos das palavras facilitam a vida do poeta?
Bem, em quem se propõe a gerar objetos semióticos, maquininhas de gerar interpretações, eles ajudam.
Quando se necessita dizer algo de forma clara, passar a mensagem mais direta, a coisa pega!
Mas é bom lidar com as palavras. Elas tomam as rédeas do poema e o poeta se submete ao que elas querem dizer.
É isso.

abraço fraterno

cirandeira disse...

Ah, poeta, então é assim? São as palavras que tomam as rédeas do poema e o poeta simplesmente obedece? Que coisa mais incrível! E as palavras, vêm de onde se não forem do poeta? Quanta modéstia! Estou aqui meio que nas nuvens, em pleno voo, de braços abertos pra respirar fundo esses teus poemetos lindos!

Um bom domingo pra ti

lula eurico disse...

Cirandeiramiga,
quem toma a mão de alguém na roda, não sabe onde a dança vai acabar. Digo isso da ciranda. E lidar com as palavras é algo assim como uma dança circular, não se pode saber da dançar sem nela entrar.
Mas, nem tanto nem tampouco. As palavras entram na roda junto com o poeta. hehehe
Elas também são levadas pelo fluxo em que estamos todos mergulhados.
Quando eu digo que elas se libertam do poeta é pelo fato de que essas danadinhas não têm uma só face. São multifacetadas e provocam em quem as vê/lê, as mais díspares interpretações. Muitas vezes, o próprio poeta ao escrever a primeira frase, o primeiro verso é arrastado pela dança, pela música e já não pode dizer se ele dança ou é dançado. kkk

Mas, dá um desconto bem grande pras minhas assertivas. Elas também são feitas de palavras, né mesmo? :)

Cecília disse...

Adorei o poema!

Os estudos estão bem, na expectativa do TRE.

Beijos...
Tenha uma ótima semana!

Anônimo disse...

Amanhã vou estar mais suave
E quarta vai ser o meu dia
O fim-de-semana promete
Domingo vai ter que dar sol
Segunda vou acontecer
Não posso perder o teu show
É agora que eu saio de vez
Que bom que eu vou te encontrar
Amanhã vou estar mais feliz
Martha Medeiros

Bjs.

Unknown disse...

EURICO!

Era assim que eu queria voar. "Alçar voos com asa de ver e ruflar pálpebras ao sol"

Você me ultrapassou no vou. Mas ainda nos encontraremos no ar.

Que coisa mais linda!

Parabéns, poetaço!

Beijos

Mirze

cirandeira disse...

Eurico! Gostei muito da forma clara
como falaste sobre esse processo de
poetizar as palavras, achei bastante elucidativa a imagem da ciranda, da dança das palavras. Conseguí "entender" o que antes apenas sentia como leitora. Obrigada, há poesia até quando proseas!!!