Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

sexta-feira, agosto 12, 2011

BÓSTRIX N'ÁGUA ( capítulo VIII)





















ILHA-SEM-DEUS



Aquecer a frágil’alma

Ao calor desses destroços
Esses retraços que ardem
Em um ser baldio e sem crença


Esfregar mãos engelhadas
Ao fogo desse monturo
Prender a morte num engulho
Sem desistir da existência


Buscar sentido no caos
E fé na lenta agonia:
Esses barracos imundos.
Essas entranhas vazias.


Trapos, lama, palafitas
Sem Deus na ilha esquecida
E a vida?


A vida é também retraço
No pó das desconstruções.
Essa inútil empreitada.
Um traço desesperado
Que nós riscamos no Nada...






Jorge Dantas 
poema publicado no capítulo VIII, do Bóstrix.




Nota do zineblogueiro:

Estarei por uns dias às voltas com meu Bóstrix n'água,
e convido os leitores para uma visita às obras de montagem,
ora retomadas, a todo vapor, mormente com a ajuda
dos engenhosos William Burroughs (nos cut-ups)
e  Alfred Döblin ( na técnica de montagem),
sem esquecer do meu mestre-de-obras, Julio Cortázar, a quem agradeço
pela idéia de urdir um guia dos nexos, se nexo há no que fabrico. rsrsrs

5 comentários:

carmen silvia presotto disse...

E isso é o trabalho de viver, uma construção diária para nos livrar do caos certeiro.

Um beijo meu amigo, bom final de semana.

Carmen.

Unknown disse...

EURICO!

Lindo poema! Volto depois para ler tudo tudo tudo.

Beijos

Mirze

Unknown disse...

Eurico!

Nada mais belo tinha lido jamais eu.

Voltarei depois para ler tudo tudo tudo tudo.

Beijos

Mirze

Rejane Martins disse...

Quem dera fossem versos d'uma realidade ausente - uma metáfora - aquela que salva em ilha-sem-deus.
Poema de Eurico, um ânimo que mata a animosidade.

Éverton Vidal Azevedo disse...

Aqui, dando uma olhada no Bostrix.
Um abraco!