Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

quinta-feira, junho 23, 2011

ESTRADA VELHA DO CURADO, 2011


Antiga casa de meus pais,  em um dia de  des/arrumação






















Que é, mesmo, estar em um lugar?
Hic.
Illic.
Ubique.
Repousar no espaço
a se ver passar no tempo?

Aqui,
ali
e em toda parte,
estar é ser, se estiver todo.


Estar é essa presença plena
de onde em quando
o ser palpita, aquilo
que se con/sente vivo:

Do alpendre, a cerca viva,
a ubaia, ácida e cíclica,
e o vento ainda a empoar a estrada antiga...

Eu sou esse lugar que passa, a poeira, a casa reformada...
Sou esse estar...
E só há lugar nisso em que me entrego.
Se inteiro não me estou, não há lugar.


Imagem da casa de meus pais:
http://sitiodolinda.blogspot.com/2008/04/o-que-o-stio-dolinda.html



5 comentários:

Rejane Martins disse...

Só tu mesmo, Eurico, pra destacar este ser-estar de maneira tão plena e bonita, de maneira tão presente, num estar que tudo situa.
As cores de cada memória ardem nos olhos de quem avista esta foto e este poema.

Paula Barros disse...

A casa dos pais, o lugar, as lembranças, o ser.

beijo

Unknown disse...

Eurico!

Já ouvi três vezes Bach! Ainda bem que o poema veio antes, porque muda o estado de espírito.

Muito bem posto a diferença entre o ser e o estar.

Entre a lembrança na imagem e viver a lembrança estando e sendo o que um dia já foi.

Excelente!

Beijos

Mirze

Profdiafonso disse...

Cumpadi,

Estou acessando legal o seu blog, embora não tenha encontrado o puglin para as músicas ainda. Vou tentat por aqui.

Mas estou navegando tranquilamente, sem problemas.

Essa casa eu conheço, sim, senhor. Já estive algumas vezes por aí... rsrs

ABs!

Profdiafonso disse...

Êta, cumpadi!

Que maravilha ler o poema ao som de Bach!

Você deve estar passando por um momento para lá de mágico... Onde a vida é diferente... Parabéns por seu sempre brilhante fazer poético!

Abração, meu irmão mais velho!

ps. Há uma postagem sobre Gilvan Lemos no TB. Lá faço referências aos tempos da Fafire.