Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Aurora (modinha)



imagem google


Flores rubras
debruçadas sobre o rio,
espelho d'água contra o casario...

E me perguntam: por que lirismo?
Não é essa a terra do João Cabral?

Posto que sim. Mas afinal
Vi/ver é escolha:

Uns vêem sarjetas.
Outros, entulhos;
Um cão sem plumas,
lama e fedor.

Questão profunda,
de nervo ótico,
niilismo exótico,
ou mal de amor?

Eu escolho a Aurora
E os flamboyants.
As flores rubras.
Tu não as vês?

Lirismo é isso:
um olhar molhado,
emocionado,
uma embriaguez .

Lirismo é encanto,
voz de quem ama,
enamorada ilucidez.

Eu vejo a Aurora
Luz da manhã.
Sol, cores rubras
e os flamboyants.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Memória Azul (valsinha de carnaval)



imagem google



...toda memória é azul
um desbotado azul, indefinido...
entanto, não é o azul de cordilheiras,
azul longínquo,
mas um azul de tarde de domingo,
um azul de infância, com balões...

lembro-me ainda, sons azulados,
valsas, polcas, (blues?);
lembro de sons azuis,
cordões alegres, mesmo senis,
realejos, leques,
rítmica luz...

chorões aos bandos,
aos bandolins;
todo esse azul, dentro de mim:
marcha-regresso, ecos sutis;
uma lembrança, assim,
azulada, mas feliz...