Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

quinta-feira, agosto 26, 2010

Zeppelin (evocações de um Recife Antigo, Nº 4)





















Ist etwa der Graf Zeppelin nur eine posse?

Haja a paz nos nossos genes mais profundos,
desde a espécie infra-humana
até o genótipo caucasiano.
Por isso não estamos em guerra:
compramos o sabão da Lubeka
e os sorvetes lá no Gemba.

Não açulemos o aborígene que habita em nós
contra o louro germanico.
Não esqueçamos os belos traços asiáticos, holandeses, africanos,
dessas crianças livres, apesar dos muros,
a chapinhar na maré.

Ist etwa der Graf Zeppelin nur eine posse?
Sim.
E isto é quase risível:

Corria o ano de 1936.
Éramos ainda um pequeno burgo.
Graciosamente, pairava sobre nós, o dirigível.
Vinha de outro mundo, dos seres em litígio.

Ist etwa der Graf Zeppelin nur eine posse?
Sim.
Uma alegre palhaçada cheia de ar!
Dos inocentes óim da meninada
sartavam faíscas felizes!

Risíveis e efêmeras momices, nos viveiros de peixes do Jiquiá.

Haja a paz nesses genes mestiços!


Fonte da Imagem:
Jornália do Ed

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