Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

terça-feira, junho 29, 2010

Presença (celebração da Vida)





























Como opor ao pano de fundo da opaca eternidade,
A brevidade translúcida
Da vida?
E o que irá acontecer no próximo instante
Da minha,
Da tua,
Da nossa existência?

Isso importa mesmo saber?


Aconselho-te a soltar girândolas.
E a sapatear pela rua.
Deixar que o ritmo desse improviso,
Mais do que o das sístoles e diástoles,
Seja, em ti, um ondular dionisíaco e profundo.

Entre um passo e outro dessa dança cordial,
Habita, intraduzível, a vida.
Ela gira
E salta
E canta em ti.
És a agitação pulsante do divino sobre as águas.
És o fôlego no barro dessas moléculas.
És o fogo!
Só tu o podes sentir.
És essa sensação do apodítico.
Essa certeza túpida da tua própria respiração.
Essa vertigem de Ser.

Então, canta,
No âmbito estremecido desse instante!
Canta
E esquece a eternidade.
Canta e dança
E aquece-te à fogueira fugaz dessa presença:

A tua presença.



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Nota do blogueiro:
Há um ano atrás dancei o coco-de-roda ao redor dessa fogueira.

Muita coisa aconteceu até o dia de hoje. Lições do E/terno: saúde e doença, alegria e tristeza.
A reedição deste poema é para celebrar os bons e maus momentos que a Vida me concede a cada dia!
E pra dizer a todos que voltei a dançar o coco, pelas ruas do bairro, lírico e aconchegante, da Várzea do Capibaribe!

Viva São João Batista!
Viva Deus que pequeno sou eu!!!


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7 comentários:

Anônimo disse...

Que bom saber das novidades e tb poder ler mais lindo poema!
Bjs.

Sueli Maia (Mai) disse...

Então VIVA!
Viva, meu amigo. Viva!

Tô feliz com essa nota de rodapé.
Ah! Esse fogo, essa fogueira, essa chama que nos chama pro viver.

Abraço imenso,
tua amiga.

Ester disse...

Olá meu amigo!

Que bom ler-te novamente,
voltastes a dançar e essa alegria
contagia a todos que te lêem,
dacemos em quanto é dia,
a vida celebrada em tempos bons e ruins,

maravilha!

Abraços,

Celso Andrade disse...

belo poema

abraço

Katia De Carli disse...

Meu querido amigo, ainda posso chamá-lo assim depois do meu sumiço?

Linda postagem (a da ciranda também). Alegria genuína,Pelo que pude ver Vc continua com o mesmo olhar sensível e maravilhoso.
Muito contra a minha vontade minhas visitas estão um tanto restritas porque as dores e o problema de visão, decorrente da doença, me impedem de ficar no pc como antigamente...
Mas prometo aparecer sempre que der!
beijos e muita luz no seu caminho

Paula Barros disse...

Eurico, bem sabes o valor de celebrar a vida, e podes poetar, cantar, falar, gritar ao mundo...tem todo a vida pulsando dentro de você.

beijo

Éverton Vidal Azevedo disse...

E eu nao morro sem antes aprender a dançar um coco.

Saúde meu amigo! Os espiritualistas devem estar certos, há um nao-sei-o-quê energético lá no espírito que se derrama na alma e no corpo.

Parabéns pelos últimso poemas, estou aqui a ler.

Um abraço fraterno.