Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

sexta-feira, agosto 14, 2009

A Ponte (inquietações e cismas)




















Não te direi quem sou,
Pois eu não tenho certezas.
Não passo de uma ponte
Feita de cordoalhas invisíveis.

Estou assim, ponte,
Frágil e pênsil,
A balouçar sobre mim mesmo,
Perigos/a/mente, por sobre o nada que eu sou.
Estou lançado sobre o precipício
Entre o visível e o invisível.

E então me invento ponte,
Com essas cordas indizíveis,
E enlaço os pontos
Que me perpassam nesse instante.
Eu mesmo, o instante
Disso presente, isso volátil,
Em que agora cismo;
Tão breve instante,
Que é o m/eu abismo.



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Fonte da imagem:
http://escalaambiental.blogspot.com/


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27 comentários:

Memória de Elefante disse...

Gostei do poema!
Devemos atravessar a vida como uma corda sobre um abismo,belamente, cuidadosamente, impetuosamente...
Abraço!

Unknown disse...

"A espantosa realidade das coisas
É a minha descoberta de todos os dias.Cada coisa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
Basta existir para se ser completo."
Caeiro ou Pessoa ou...dizem melhor do eu diria.
Abrs!

Luis Eustáquio Soares disse...

querido eurico, espero que esteja tudo bem com vc, poeta e te desejo uma recuperação cheia de novos atos nascentes.
meuabraço,
luis de la mancha

lula eurico disse...

Oi, Luís,
aguardo uma biópsia...

e preciso de um pouco da valentia dos "de La Mancha", para enfrentar uns certos medos viscerais, que estão me chegando lá do fundo das minhas células. Bem, já estou de lança em punho, a armadura meio alquebrada, mas sonharei sempre com mais vida, e vida para todos.
O que me importa não é o dia do nascimento, nem o da morte, mas o que fazemos de singular para o coletivo, entre uma e outra data. Meu exemplo é o Betinho... o saudoso irmão do Henfil.

Abraço fraterno.

Luis F. disse...

Esse poema me fez me lembrar de
um pedaço de minha vida, quando
eu estava tão vigoroso as pessoas
ao meu redor.
Foi uma parte da minha vida a qual,
hoje esqueço-a, deixo-a para trás.
Mas você é realmente um verdadeiro poeta, o qual da para ver nos seus belos poemas.

lula eurico disse...

Grato, Luís,
são generosas as tuas palavras, que guardo com a sinceridade de um aprendiz da vida.


Abraço fraterno.

Dauri Batisti disse...

Lindo poema, meu irmão, palavras que elaboram respostas - me invento ponte - às velhas questões: quem sou...

Leio sobre exames, etc. Desejo-te SAUDE.

lula eurico disse...

Grato, Dauri, meu irmão mais novo e meu mais novo irmão. Bom te ver.
Não dá pra esconder certa apreensão. Entanto, sinto-me sereno. Aguardo o resultado de exames complementares e com eles, a saúde.

Abraço fraterno.

Anônimo disse...

Oi meu querido!
Desculpa demorar tanto pra te fazer uma visita.
Estou tendo uns probleminhas com a dona Internet.
Espero que vc esteja se recuperando bem da cirugia.
Gostei do poema, mas sinceramente, espero que daqui ha alguns dias está ponte fique mais firminha. Ave Maria!
Só de olhar deu medo.Rsrsrsr
Bjs.

Sueli Maia (Mai) disse...

"perigos/a/mente"...Quebrar a palavra, o perigo e o medo que atravessam a ponte, a mente.

Abraços,

Jacinta Dantas disse...

Eita que agora você me faz lembrar Clarice Lispector. Vou, a cada dia, aprendendo um pouquinho por aqui, e, agora, nesse instante, apreendo que a Vida é um instante.

PS: Visitando a Dora, lembrei-me de você, com seu momento de espera. E, então, venho aqui e confirmo. Enquanto espera... você "rega as flores"
Um abraço

Elis disse...

Olá Eurico, sabiamente aceitaste esta ponte em seu caminho, e olhá-la desta forma é sinal de força, mesmo quando a gente tem medo ou receio de algumas células. Eurico, nãoposso deixar de lembra de uma passagem de minha, exatamente por uma pinguela, junto com um amigo, estávamos indo tirar os móveis da casa da mãe dele por causa de uma enchente. Na volta para ajudar um de escola...a pinguela estava virada e com a água quase a cobrindo...atravessamos com medo, confesso, mas ainda com a coragem meio impetuosa dos jovens...
Alguns metros em terra firme e ouvimos um estrondo...talvez eu não estivesse aqui...
Que você ultrapasse sua ponte, que você chegue do outro lado com um sorriso e apenas lembranças da travessia...Um grande abraço na alma...e lança em punho...valeuuuu

Profdiafonso disse...

Grande cumpadi e irmão mais velho!

Bom dia!

Há um convite para você no Terra Brasilis. Conto com a participação do seu excelente blog e de suas reflexões e dos que desejarem encampar este Movimento.

Abração e bom final de semana!

lula eurico disse...

Fátima,
vai ficar firme, sim. Aliás, já esta´. São só lições do Prof. Jesus, para eu me aperfeiçoar na paciência... rsrsrs

Abraço fra/terno.

lula eurico disse...

Mai, amiga-irmã querida, vc lê meus pensmentos... assim não vale.

Um beijo.

lula eurico disse...

Oi, Jacinta, menina com nome de flor,
sim, estou erguendo a custo o regador, mas tenho regado as flores como posso.
Bom te ver por aqui...

Beijão.

lula eurico disse...

Elis, tentei acessar o teu blog, mas não pude...
De quelquer modo, agradeço pelas tuas reconfortantes palavras. Tua experiência me fortalece. Mas, creio, devo estar sendo muito "dramático" e fazendo tempestade com um pequenino copo. Agradeço, enfim, a tua vinda e permita-me, se puder, o acesso ao teu blogue, para que eu possa te devolver tão amável visita.

Abraço fra/terno.

lula eurico disse...

OI, Diógenes, irmão de fé e de estrada, vou já lá no TERRA BRASILIS, com certeza!

Abraço fraterno.

Paula Barros disse...

Eurico o poema bem retrata o que estás a viver, assim senti.

Mas que o significado da ponte, seja um elo de buscas da serenidade em você, e do apoio dos amigos sempre.

E nessa travessia, nas incertezas, nas expectativas, na espera do lado da ponte que balança, gostei do enlaço os pontos, e assim se percebe, frágil e forte.

beijos no coração, muita paz e saúde.

lula eurico disse...

Grato, Paulinha.
Já ando "trelando", ficando aqui horas seguidas. Afinal "panela ruim não se quebra", dizia a minha avózinha.

Abraço fra/terno e agradecido.

Katia De Carli disse...

Querido Eurico

Parece que Deus escolheu alguns "blogueiros" para fazer-nos pontes... dessas mesmo que você tão bem ilustrou na foto e poema.
Vamos balançando, rangendo, doendo.
Mas vamos, que o outro lado, deste mesmo lado, os espera!
beijo grande

Katia De Carli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lula eurico disse...

Oi, Kátia, bom te ver! E com esse sobrenome de usineira pernambucana... sempre te digo isso, né. Brincando rsrsrs
Seja bem vinda, e vamos atravessar as pontes, pois, ainda bem que elas existem, não é mesmo?

Abraço fra/terno.

Katia De Carli disse...

Oi amigo, voltei!!!
Esqueci de comentar que fiquei extasiada com o post dos Não-Poetas. Amo Fernando Pessoa e todos os seus heterônimos, e amo tb o Dauri... precisamos mais de "não-poetas" assim!
Qto à viagem, estou indo ao Rio em busca de um especialista em medula, uma vez que aqui nesta ilhazinha já não tem recurso para mim... mas é como vc disse, existem pontes! E vamos que vamos!
beijo e bom fim de semana

lula eurico disse...

Kátia,
Vamos que vamos! Pra cima com a viga! como diz o amigo Jens.

Ilaine disse...

Que bom te conhecer!
Linda descrição- poesia...
Beijo

Rejane Martins disse...

a dição sobre mim, com exceção à brev-idade do abismo.