Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

sexta-feira, março 13, 2009

Acalanto à distância (pra Allana)



Devia ter tido a ousadia dos raptores
e te tomar no colo
e te esconder do dolo
e da maldade humana.
E te levar comigo.

Devia ter sido mais atrevido,
ou mais amoral,
devia ter agido.
Agora não sei se estás bem.
Não sei se você já comeu o gagau.
Se hoje assistiu o Picapau,
que chamavas, em teu jeito, "papau".

Eu sabia que eles viriam,
os inimigos do amor.
Eu sabia...
E eles não te queriam.
Que eles só te queriam
pelo que tens de valor.

Mas se existe uma Mamãe-do-céu...
(lembra? era aquela santinha da Lagoa do Araçá...)
Sim, se ela existe, ela vai te velar.
Vai cuidar por que eu descuidei.

E os domingos virão sem sabor.
Sem pipocas e sem chocolate.
Mas domingo irei te procurar.
Levarei os templários, os apaches,
a cavalaria.
Levarei Dom Quixote,
ou melhor, Dom Pixote.
E com eles, domingo, irei te procurar...

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A imagem é outro clique de Paulinha Barros.

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10 comentários:

Regina Coeli Carvalho disse...

Eurico
Que a Allana possa receber suas vibrações de harmonia através desse poema que é uma oração.
Carinhoso abraço.

Paula Barros disse...

Ai, terminei chorando...

Seu poema está sofrido.

Lindo, criativo, mas triste.

abraços com afeto.

Unknown disse...

uts....as vezes pensamos que meros detalhes fazem toda diferença...

bjos

Pernambucanos Arretados disse...

Lindos. O poema e a Allana.

Christi... disse...

Lindo texto,muito bonito, linda a princesinha.

Beijos e um lindo sábado pra ti.

Christi...

Unknown disse...

Eurico, Eurico, que lamento sofrido. Vou conversar com a"Dama Iluminada"da Lagoa de Araçá (somos amigas e faz tempo) para que encontres Allana. E possas extravasar teu querer intenso e mágico...que envolve aos te leiem.

Abrs.

Zeca disse...

Eurico,

me pergunto como pode um coração sofrido criar, através de um lamento, um poema tão lindo...

Abraço.

Jacinta Dantas disse...

Eurico,
difícil não se emocionar com esse lamento. O rosto, lindo, da inocente Alana, lembra tantas crianças - minha sobrinha Ana Clara - que precisa e merece todo o cuidado para crescer forte, feliz e preparada para a vida.

Blog do Beagle disse...

Perdão, mas ... cheguei agora em busca do seu texto sobre inclusão social. Deparei-me com dois poemas tristes e sofridos e não entendi nada. O que aconteceu com elas? Nem li a respeito de inclusão se quer saber. Elza

lula eurico disse...

Elza, a postagem coletiva está mais abaixo, no dia 09/03/2009, data que foi escolhida para o tema.
Quanto aos textos da menina Allana, deixo que os poemas falem por mim. E que Deus conduza os seus caminhos.
Abraço fraterno. Seja sempre bem vinda.