Uma Epígrafe



"...Quanto à poesia, parece condenada a dizer apenas aqueles resíduos de paisagem, de memória e de sonho que a indústria cultural ainda não conseguiu manipular para vender."...[Alfredo Bosi, in O Ser e o Tempo da Poesia, p. 133]

terça-feira, outubro 31, 2006

NOTÍCIA URGENTE!!!



Tony Blair anuncia o fim dos tempos!!!
fonte: Jornal Nacional, de 30/10/2006




Tony Blair, na contramão do Mr. Bush,
vem a público assumir a posição defendida
pelos cientistas, de que, se continuarmos poluindo
o planeta nesse ritmo, causaremos uma irreversível
recessão economica mundial, nos próximos 50 anos.
É que o mundo gastará mais com as consequências da
poluição, do que o que gastaria com sua prevenção.
Os gastos em 50 anos seriam da ordem de 5% do PIB mundial,
provocando um colapso da economia capitalista.

Viva Deus!!!

Queria ver a cara da minha psicoterapeuta,
aquela que, pelos idos de 1988, me aconselhava
a não cuidar de temas ecológicos nos meus textos poéticos.
Taí:
a ecologia ganha dimensões de variável economica.
E com proporções catastróficas.

Anotem aí:
Desde o surgimento do Green Peace, nos idos de 1970,
já se anunciava isso que agora vou dizer:
O industrialismo e o crescimento economico cego estão com seus dias
contados. Em suma: o capitalismo e o socialismo fundados no crescimento
sem preocupações ecologicas levam ao extermínio da espécie!

Roger Garaudy já apregoava em 1979, no seu profético Apelo aos Vivos:

"o crescimento dos próximos 30 anos, sob pena de morte da espécie,
não pode mais ter a mesma orientação nem o mesmo ritmo dos últimos 30 anos."



Concluo afirmando que, ao reelegermos o Lula, presidente,
poderíamos também dar uma guinada em nosso modelo de crescimento,
para um crescimento sustentável e ecológico,
distanciando-nos do destruidor planetário G. W. Bush.

Eurico
viva Deus, pequeno sou eu!
31/10/2006

sábado, outubro 21, 2006

Minhas quixotices


ou Meditação Quixotesca n.º 1



Cá do meu cantinho de escrevinhador, vou excretando, isso mesmo, ex-cre-tan-do, esses inúteis miasmas literários (ia dizer, filosóficos) sobre vários temas.
Ora me debruço sobre a impressão que tive essa semana, quando visitei a UFRPE, em tratativas sobre uma possível exposição de poemas do meu livro, ainda inédito, Ser tão profundo, no Memorial daquela universidade.
Bem, sou arquivista, essa é a minha função pública atual. Já fiz várias outras coisas, é bem verdade. Mas é com os olhos do arquivista que me posiciono aqui, ao perceber que, em todas as instituições de ensino, existe sempre, ou quase sempre, um belo prédio para suas bibliotecas, enquanto há um certo descaso, aliado ao total desconhecimento da comunidade de alunos e docentes, para com os setores que abrigam a documentação primária: os Arquivos.

Me ocorre então a idéia de que há certa atitude parricida, ou matricida, nesse descaso para com os arquivos. Isso advém da idéia de que a maioria dos livros são documentos secundários que nasceram de alguma forma de uma documentação arquivística. Ou seja, de certo modo são filhos, crias, rebentos da documentação primária. Recorro aqui aos exemplos dos livros de história, direito, etc. Mesmo os livros de ciências exatas devem ter, creio eu, origem em alguma experiência que foi reduzida a documento escrito, onde se estribam e fundamentam. Então, sem querer remeter a Freud ou Lacan, deixo essa minha indagação: por que se matam os arquivos? Por que se costuma chamar a documentação arquivada de arquivo-morto? Seria a matança edipiana dos ancestrais? (risos)

Sempre tenho a sensação quixotesca de estar arremetendo contra moinhos de vento, como o fidalgo de la Mancha, ou de estar clamando no deserto, como São João Batista.
Mas é preciso alertar aos mais jovens, aos estudantes da UFRPE, no caso em questão, aqueles que frequentam seu Memorial, da importância de iniciarmos uma tomada de posição, uma luta mesmo, pela valorização da história da própria universidade, sucateada em algum lugar incerto e não sabido do campus, em algum arquivo moribundo e fétido, quem sabe numa papelada jogada na umidade de algum porão escondido.
Onde estão os documentos que registram a história da UFRPE?
Essa é a questão que deixo à comunidade de usuários do Memorial dessa importante universidade, e, em especial, aos seus estudantes de História.


Eurico – outubro - 2006
Aos Amigos da UFRPE

P. S. :
Que tal fundarmos uma Associação dos Amigos do Memorial?

domingo, outubro 15, 2006

Dolores (ou Das Dores?)


Amanheço nesse Dia do Senhor, 15/10/06,
vendo o canal 11, TV Universitária,
pois só nela se encontra um programa que trata
da disputa internacional dos recursos hídricos,
e, pasmem,
lá está, com um aparato de tanques e escavadeiras,
o todo poderoso exército israelense
a destruir as cisternas de duas indefesas famílias palestinas.
Motivo: é ilegal armazenar água da chuva sem a autorização de Tel-aviv.
Semi-deuses?
Meu estômago embrulha. Argh!!!
Existe diferença entre Ariel e Adolf?
Qual?
Desumanidade não tem pátria, gente!

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Logo cedo, coincidentemente, eu tinha esboçado dois poemas novos
pra compor o meu livro Ser Tão Profundo, ainda em andamento.

Lembro que em meados de 1988 larguei minha psicanálise,
pois a psicóloga considerou essas minhas preocupações poéticas como
"uma coisa que poucas pessoas se interessam”.
Deveria, segundo a mesma, desistir desse tema.
Tive vontade de mandá-la à merda e nunca mais voltei ao seu consultório.
E o doido sou eu, né?
Caso essas coisas não lhes interessem, nem leiam, por obséquio.
Prometo não lhes mandar à merda...

Esboço 1

Dolores

Simples:
Basta colar a boca na beira do barreiro
E sorver de vez o líquido quente, assim;
Com os dentes prender
Os grãos de areia e
deixar descer pela goela a água tépida
a decantar-se em argila na traquéia.
Se como ratos?
Lagartixas?
Gafanhotos, feito São João?
Por esse sol que me alumia, como sim,
sem ser profeta..

E essa máquina que filma minha neta,
Assim franzina
(sai, menina!)
brincando nessa terra ressecada,
(sai Dolores!)
zanzando ainda, comigo pelo mundo, Deus é pai!
grave um recado pros homens que governam essa terra...
ah, nojentos!
insetos no solado da alpercata!
Diga a eles que de fome se morre
Mas se mata!
Que a GENTE NÃO TEM SANGUE DE BARATA!

Esboço 2

O Fato

A Vasconcelos Sobrinho


O sol é exato, é fato.
A ciência apura: quantas, fótons.
E eu, cá embaixo,
Um fato.
Dado concreto, objeto dissecado.

No entanto, assistemático.
Quem mensura não me explica.
Que morra toda a estatística
E que a ciência estertore
Como fato de cabrita
Pendurada no curtume.

Sob o sol, nesses ardores,
Não calculem minhas dores.
Quero profetas,
Não, doutores.

O sol deveras é exato, lá no alto.
E eu, um fato ressecado no arame.